Educação e gênero: superando preconceitos
Quando falamos em Educação Cristã, nos referimos a uma ordem de Jesus Cristo, conforme Mateus 28.18-20. Essa ordem também sustenta o Plano de Educação Cristã Contínua da IECLB (PECC). É nossa missão como pessoas cristãs ensinar tudo o que foi ordenado por Jesus e é nele que encontramos exemplo para as relações entre as pessoas.
O termo gênero nos ajuda a pensar essas relações e a olhar o quanto a construção das identidades das pessoas é resultado de relações, por vezes, injustas e desiguais, principalmente entre homens e mulheres. O conceito gênero surgiu da necessidade de um instrumento que mostrasse que muitas desigualdades e injustiças sofridas pelas mulheres eram – e são – decorrentes da falsa crença de que a biologia das mulheres as torna inferiores, menos capazes e, por tanto, merecedoras de menos direitos.
Na Educação Cristã, podemos trabalhar em todas as fases da vida as relações humanas. Para isso, é preciso reconhecer que, como Igreja Cristã, ainda não conseguimos estabelecer plenamente relações de gênero iguais e justas. Esquecemos, muitas vezes, que Deus criou homem e mulher à sua imagem e semelhança e nos fixamos em um imaginário que culpabiliza somente a mulher pelas maldades do mundo. Ignoramos que, por meio da fé em Jesus Cristo, não existe mais diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres (Gl 3.28).
Precisamos conhecer mais sobre este assunto, estudando-o não apenas com mulheres, mas também com homens, crianças, jovens, pessoas adultas e idosas. A partir da Educação Cristã, podemos identificar, por exemplo, o quanto as mulheres foram silenciadas nos textos bíblicos, na história da Igreja e das Comunidades e o quanto a linguagem pode ser sexista e excludente. Materiais como a cartilha Estudos sobre Gênero os cadernos Criatitude: pela justiça de gênero e Justiça de Gênero e Diaconia Transformadora, disponíveis no Portal Luteranos e no site da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), respectivamente, podem ajudar nessa tarefa.
À medida que identificamos, reconhecemos e buscamos relações e práticas que não mais oprimam, desqualifiquem, inferiorizem, violentem, discriminem e excluam as pessoas por causa das diferenças de gênero ou outra existente, estaremos cumprindo a tarefa que Jesus Cristo nos deu.
Profa. e Teól. Rosane Philippsen | Mestranda do Programa Gênero e Religião da EST e Representante do Sínodo Sudeste no CONECC