Jornal Evangélico Luterano

Ano 2018 | número 821

Sexta-feira, 29 de Março de 2024

Porto Alegre / RS - 09:47

Diversidade

Dignidade da vida em tempos líquidos Precisamos assumir atitudes cristãs e cidadãs

Tempus fugit é uma expressão latina que significa O tempo foge, mas que também pode ser traduzida como o tempo voa. Vivemos um novo período da história, sendo diversos os conceitos usados para descrever esse tempo. Um dos conceitos mais usados para definir esta fase histórica, este tempo, é ‘modernidade’ ou ‘pós-modernidade’. Há Pesquisadores e Pesquisadoras procurando compreender melhor este período. Mudanças de grandes proporções têm acontecido em curtos espaços de tempo. A sensação é que o tempo escorre pelas nossas mãos.

O Filósofo polonês Zygmunt Bauman, já falecido, ocupou-se, nas suas pesquisas, sobre o assunto da fluidez do tempo atual. Ele conceitua o tempo presente como ‘modernidade líquida’, pela incapacidade de manter a forma. As relações, as instituições, as crenças e as convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar. Nesse contexto que prioriza o lucro e o capital a qualquer custo, é possível perceber que vidas humanas são transformadas em objetos de consumo. O ser humano deixa de ser sujeito e passa a ser objeto na relação de compra e venda.

Para o Filósofo, a liberdade obtida nos tempos atuais é ilusória. A pessoa vive na incerteza, pois parece existir sempre uma nova possibilidade de escolha. O pensamento não é mais denso e ordenado, mas leve e desordenado, para poder abraçar tudo o que a vida pode oferecer ou parece oferecer. As relações devem ser estabelecidas a curto prazo, aproveitando as chances que a vida oferece, abandonando as anteriores rapidamente.

Planejamentos a longo prazo parecem não encontrar espaço no cotidiano, pois sacrificam os desejos momentâneos em vista de algo posterior, no futuro. Há o risco da coisificação do ser humano. Quem está fora do mundo das escolhas e do consumo está à margem do sistema. Caso esteja dentro do sistema, é tragado pelo ‘monstro’ do consumo.

Na comemoração dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, precisamos continuar nos perguntando pela dignidade da vida. A declaração constitui um ideal pelo qual todas as pessoas devem levantar bandeiras: o respeito dos direitos humanos e a liberdade, garantindo a dignidade da vida em toda a sua plenitude.

Contra o ‘deus-mercado’, o ‘deus-dinheiro’, que escraviza e exclui vidas, a Bíblia nos chama a reafirmar a nossa conduta ética e a nossa fé no Criador. Lutar por vida digna é, acima de tudo, assumir atitudes cristãs e cidadãs. O direito à vida digna não pode ser privilégio de poucas pessoas. Jesus disse: Eu vim para que todas as pessoas tenham vida e vida em abundância (Jo 10.10).

A Igreja Cristã, por meio das pessoas que dela fazem parte, é chamada a ser sal e luz no mundo. Uma Igreja missionária e inclusiva não se cala diante das injustiças e das ameaças à vida, mas busca, a partir da fé e da ética, um mundo com valores sólidos e mais próximos do Reino anunciado por Jesus.  

Cat. Maria Dirlane Witt | Coordenadora de Educação Cristã da IECLB

PRONUNCIAMENTO

 

Dignidade da vida

A fé cristã entende a vida a partir da ação criadora de Deus. A vida é concessão, é presente, é dom de Deus.

Porque criada e nutrida por Deus, a vida tem uma profundidade insondável. Esta profundidade misteriosa da vida não permite que ela seja transformada em coisa ou objeto que se possa manipular, vender ou comprar.

O bem da vida é uma graça que recebemos, mas da qual não podemos dispor.

Porque é indisponível, a vida não pode ser consumida irresponsavelmente nem pode ser descartada levianamente.

A vida é um bem sagrado. O testemunho da Escritura aponta para esta sacralidade da vida e nos convida a assumirmos uma atitude de profundo respeito.

Manifesto sobre Bioética (2008) 

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