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História de vida de Celi Tesche Germany

23/05/2018

 

Nome: Celi Tesche Germany
Membra da IECLB: Desde o batismo.
Comunidade: Evangélica de Picada 48 Baixa, Lindolfo Collor/RS
Paróquia: Picada 48 Baixa, Lindolfo Collor, Rio Grande do Sul
Sínodo: Nordeste Gaúcho

Sempre que ouço o grupo de sopro da igreja da IECLB de Picada 48 Baixa Lindolfo Collor fico muito emocionado. Aliás, este é um dos motivos que me fez escrever esta história. No dia 11 de setembro de 1971 nasceu Celi Tesche Germany no município de Ivoti, Rio Grande do Sul. É filha de José Claudio Tesche e Elvira Tesche. É irmã da Marli, da Isolde, da Noeli, da Marlene, da Simone, da Maristela, do Romeu, do Miro e do Sérgio. 

Sua família era financeiramente pobre. Não tinha morada fixa, porque vivia do corte do mato de acácia. Quando terminava o corte em um local, iam para outro. Aos sete anos ela passou por um sério problema de saúde. Numa certa manhã, sentada na cama, já bastante fraca, escutou uma conversa entre seu pai e sua mãe, na qual falavam sobre sua doença. Imaginavam que ela estava com câncer. Quando a levaram ao médico, Celi estava tão fraca que quase não podia mais caminhar. Sua cor era toda amarela. Pela demora em obter recursos médicos, precisou fazer transfusão de sangue. Mas não era câncer. Pouco tempo, recuperou a saúde.

Ela estudou pouco. Estudou apenas até a segunda série do ensino fundamental. No seu relato conta que chorou muito quando o pai disse que não poderia continuar os estudos. A justificativa era porque ela teria que acompanhar o pai no corte de mato e, assim, ajudar no sustento da família. Ela fala que aprendeu a descascar a madeira manualmente e gostava do que fazia. Certo dia, por um descuido, ela cortou-se com o facão que usava para descascar a madeira. O pai orientou que ela fizesse “xixi” no local do corte que logo iria parar de sangrar. Com o passar dos anos, ela foi crescendo e com dezesseis anos de idade foi trabalhar na indústria de calçados de Ivoti. Aos dezesseis anos de idade conheceu um rapaz e logo começaram a namorar. Quando menos esperou, estava grávida. Conta que pensava que isso só acontecia com as outras moças. A maior decepção dela foi a reação do seu namorado quando ele recebeu a notícia de que iria ser pai. Ele simplesmente respondeu que iria fazer uma cova para enterrá-la viva. Ela até pensou em aborto, mas com a ajuda do seu pai e de sua mãe, teve sua primeira filha, que nasceu no ano de 1990. 

Pouco tempo depois do nascimento da filha, ela procurou a IECLB de Ivoti para fazer o batismo da filha. A primeira pergunta do pastor foi se ela já era batizada. Celi respondeu que não era batizada. A resposta do pastor foi que primeiro ela fosse batizada e depois a filha. Como os pais passavam muitas dificuldades, não tinham condições de contribuir financeiramente para serem membros da igreja. Aqui vejo como falha da IECLB por não ir ao encontro daquelas pessoas que não tem condições financeiras para serem membros da igreja. As lideranças deveriam encontrar uma forma de trazer essas pessoas para a comunidade. A partir de 1990, Celi se tornou membro da IECLB após o seu batismo, mas participava muito pouco da vida da igreja. A mãe dela como avó foi fundamental. Enquanto ela trabalhava para sustentar a sua filha, a avó cuidava da neta. Com 19 anos conheceu outro rapaz, namoram e até chegaram a serem noivos. Mais uma ilusão. Quando menos esperou, ela estava sendo traída. Com mais essa decepção, decidiu que ficaria sozinha com a sua filha. Com 21 anos, mudou de opinião.

Em 1992, ela, sua filha, seu pai e suas duas irmãs foram morar na localidade de Sertão Capivara, interior do município de Portão/RS. Como tinha uma filha pequena, ela foi comprar leite na casa vizinha. Ali conheceu um rapaz que logo lhe chamou atenção. Ele era solteiro e muito trabalhador. Mas logo veio o pensamento que não seria possível essa relação por ela ter uma filha. Passou o tempo e um certo dia os dois se encontraram e conversaram. Para a sua surpresa, o rapaz disse que seu maior sonho era adotar uma criança. O namoro foi de apenas 4 meses. No dia 15 de janeiro 1994 casou-se com Norberto Nilo Kickow Germany na comunidade da IECLB, da localidade de Conceição no município de São Sebastião do Caí. Após o casamento ela acompanhava o marido na agricultura. Aprendeu a ordenhar as vacas manualmente, colher frutas cítricas e verduras, a carpir no meio das plantações. Como todo casal recém casado, logo começaram as primeiras dificuldades. Por ela ter passado por algumas desilusões amorosas, tornou-se uma mulher insegura. Logo começaram as crises de ciúmes, mas o marido nunca deu motivos para isso. Mesmo assim ele abriu mão de algumas coisas que ele participava. Para salvar seu casamento, ele pediu para sair da diretoria do sindicato dos trabalhadores rurais e do presbitério da igreja. O marido, que sempre foi uma pessoa calma, e com algum conhecimento e experiências diferentes das dela, com muita conversa tentou mostrar para ela uma forma de ser feliz. Muitas vezes, antes de dormir, ele pegava na mão dela para rezar um Pai Nosso. Mesmo assim ela continuava a reclamar da vida. No ano de 1994 ela e a família passaram a ser membros da IECLB de Picada 48 Baixa Lindolfo Collor. Depois de alguns anos de casados ela queria ter mais um filho. Quando ela e o marido chegaram num acordo sobre essa ideia, outra dificuldade: ela não engravidava. Culpou varias vezes o marido. Certo dia ela, disse que deixaria nas mãos de Deus. Com quase dez anos de casados, ela engravidou. Aos dez anos de casados, o marido fez uma surpresa para ela: mandou fazer uma tele-mensagem ao vivo escrita por ele mesmo. No dia 05 de agosto de 2004 nasceu o filho que ela tanto queria. Dois meses depois do nascimento, ela teve depressão pós-parto. Começou um tratamento médico que continua até hoje. 

Como na vida as pessoas passam por várias mudanças, certa manhã, ao acordar, ela tomou uma decisão: com a ajuda de Deus queria ser outra pessoa, mais alegre, prestativa, calma e reclamar menos da vida. E realmente foi o que aconteceu com ela. Com o passar dos anos ela insistia para que o marido voltasse a fazer o que ele gostava. Depois de muita insistência dela ele começou a participar, sendo eleito presidente do sindicato dos trabalhadores rurais, cargo que exerceu durante quatro anos. Atualmente faz parte do presbitério da comunidade de Picada 48 baixa Lindolfo Collor. Durante o período em que o marido estava como presidente do sindicato ela viveu uma das maiores emoções da sua vida. Participou da Marcha das Margaridas em Brasília, onde se encontraram mais de 70 mil mulheres de todo o país. Pela primeira vez, viajou de avião. Segundo ela, foi incrível a sensação de andar de avião. Sempre que fala da viagem da para ver os seus olhos brilharem mais fortes. 

Hoje é uma mulher de bem com a vida, alegre com um belo sorriso no rosto. Gosta de dançar nos bailes e festas, abraçar seu filho Mateus e sua filha Marlene e curtir as netas Natieli, Danieli e Ester e o neto Victor. Na comunidade sempre auxilia as pessoas com palavras e gestos. Segundo ela, não sente raiva de ninguém e sempre quer o melhor para todas as pessoas. Também começou a gostar da vida da igreja, participando dos cultos e estudos bíblicos. Como gostava de cantar  decidiu a fazer parte do grupo de canto da igreja. No começo do ano de 2016, durante o culto, a pastora Silvia Genz anunciou que quem tivesse vontade de aprender a tocar algum instrumento de sopro, depois do culto, deveria deixar o nome com a pastora. A primeira pessoa a se inscrever foi ela e ficou ansiosa aguardando o começo das aulas, as quais iniciaram em abril. No inicio das aulas, ela escolheu aprender a tocar trompete. Junto com as aulas, surgiram as primeiras dificuldades. Não conhecia notas musicais e nem as posições do trompete. E os instrumentos de sopro são uns dos mais difíceis de se aprender. Sempre teve incentivo do marido que a acompanha durante as aulas. Duas vezes ela quis desistir. A primeira vez foi mais fácil convencer a continuar, mas na segunda ela estava realmente convencida de abandonar o grupo. As palavras de incentivo da pastora Silvia fizeram a diferença para que ela continuasse no grupo. Com esse incentivo, ela encontrou forças para continuar. Atualmente é a única mulher do grupo. Hoje ela sente muito prazer de fazer parte do grupo da comunidade. Ela agradece a Obra Missionária de Metais Acordai, aos dois professores Romar Schneider e Beno Edmundo Heumann pelo trabalho voluntário, que sempre com muita paciência ensinam o melhor ao grupo, a pastora pelo apoio, aos colegas pelo respeito, à comunidade pelos aplausos após cada apresentação do grupo, ao marido que está ao seu lado lhe ajudando em tudo o que é possível. 

Com lágrimas nos olhos, escrevi essa história. Sou grato a Deus porque de alguma forma sou parte dela. O som do trompete é hoje, para mim, um sinal da vida que renasce. Para encerrar essa história uma frase de Jesus Cristo: No mundo passará por aflições, mas tende bom animo, pois eu venci o mundo (João 16.33). 

História escrita por Norberto Nilo Kickow Germany, participante do curso “Como coletar e narrar histórias de Vida, realizado pelo Programa de Gênero e Religião da Faculdades EST, com apoio da Comunidade Evangélica de Picada 48 Baixa, Lindolfo Collor/RS.


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